segunda-feira, 21 de setembro de 2015

O Canadá vai te surpreender: roteiro por Toronto, Montreal, Quebec e Ottawa

Parlamento de Ottawa
Canadá, definitivamente, é um destino subestimado. Ainda que eu tenha cruzado com muitos brasileiros durante a viagem, em setembro de 2015, o país não está, normalmente, no radar dos viajantes. Uma pena, porque as cidades são encantadoras e há uma dicotomia muito interessante entre a província de Quebec — que mantém o francês como língua oficial e guarda um ar europeu — e todos os outros Estados de língua inglesa.

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Na minha primeira visita ao Canadá escolhi fazer o roteiro básico pela costa leste. Foram 13 dias e deu para conhecer Toronto, Montreal, Quebec e Ottawa. Desta vez, optei por alugar carro, o que tem suas vantagens e desvantagens — assunto para um post à parte.

Estas quatro cidades são bastante diferentes. Enquanto Toronto tem uma pegada mais de negócios, com prédios arranha-céus no centro financeiro, e é cosmopolita e agitada, a cidade velha de Quebec, murada, faz você se sentir na Europa. Já Montreal preserva seu charme apesar de ser uma cidade grande (4 milhões de habitantes) — se eu tivesse de escolher uma delas para morar, Montreal seria minha opção. A capital do país, Ottawa, é uma mistura deliciosa, tanto de línguas, quanto de costumes e arquitetura.
CN Tower, em Toronto
O povo canadense é, em geral, muito prestativo e simpático. Em uma tarde em Quebec, estacionamos o carro na rua em um local que achávamos que podia. Um senhor, me vendo tentando entender como funcionava a máquina, me disse que eu não poderia parar ali e me explicou como funcionam as vagas públicas — cada espaço tem um número, daí, no parquímetro, você coloca o número correspondente à vaga primeiro e depois o dinheiro para pagar as horas que ficará.

Eu escrevi povo canadense, mas identificar quem realmente é do país pode ser uma tarefa árdua em Toronto e Ottawa. Acho que, por eles terem incentivado a imigração por anos, há uma grande mistura com muitos, muitos orientais. Na província de Quebec, por falarem um francês bem típico e diferente do falado na França, fica mais fácil saber quem é local.

Estradas
As vias que abastecem Toronto, Niagra, Guelph, Montreal, Quebec e Ottawa são boas, mas não vá esperando grandes e largas rodovias de alta velocidade. Nos trajetos que fiz, as estradas tinham duas pistas, com canteiro no meio, permitiam velocidade máxima de 100 km/h, não tinham pedágio e contavam com infraestrutura bem sinalizada de postos e restaurantes. Uma exceção é a A-50, entre Montreal e Ottawa, que tem partes em mão dupla e falta sinalização de postos de gasolina.

Em setembro, havia muita obra nas rodovias, com desvios e homens nas pistas (aliás, nas cidades também), os caminhões dominavam e o fato de serem apenas duas pistas atrapalha um pouco. Espere vias mais parecidas com as de São Paulo do que com as dos Estados Unidos.

Ao cruzar a divisa de Ontário e Quebec, observe como as placas mudam de inglês para francês.

Preços
A conversão do dólar canadense para real é mais baixa que a do americano; sendo a moeda também mais barata que o euro ou a libra. Isto deixa a cotação atraente para brasileiros.

Eu estava esperando que o país fosse um pouco mais em conta do que achei. Mas, como cada um tem uma percepção diferente de caro e barato, listo abaixo a média dos preços cobrados em lugares que não lanchonete fast food e nem restaurantes caros.
Poutine: prato típico do Canadá
Os valores não incluem as taxas municipais (porcentagem maior) e federais (porcentagem menor) que variam conforme o lugar e o tipo de serviço e são acrescidas no valor da conta. Em Ottawa, é uma taxa única de 13%. Mas, em Quebec, somados, os impostos podem chegar a quase 20%, dependendo do serviço ou produto. Além disto, deve-se acrescentar a gorjeta, que, no Canadá, parte de 15% (para calcular, a dica é multiplicar por três a taxa federal).
  • Café expresso: a partir de 2 
  • Café Moccha: 2,50 a 4
  • Bagel/toast: 1,75 a 4
  • Vinho taça: 7 a 15
  • Vinho garrafa: encontrei por 25, mas, na maioria dos restaurantes, custa acima de 35
  • Cerveja: 4 a 10
  • Refrigerante: 2,5 a 4
  • Poutine: 8 a 15
  • Pratos: a partir de 13 (massas), mas, em geral, na faixa dos 18
  • Sobremesas: na faixa dos 10
  • Sanduíches: 10 a 20
  • Metrô/ônibus: 3 em Toronto, pouco mais no Quebec
  • Gasolina: 0,95 a 1,20 por litro
  • Estacionamento: 18 a 30 a diária. Na rua ou nos estacionamentos, eles cobram a cada 20 ou 30 minutos; e o valor muda bastante dependendo do lugar. 
  • Museus: na faixa dos 20
Valores em dólar canadense, conferidos em setembro/2015, sem impostos e gorjeta.
Parc de la Chute- Montmorency 
Idioma
Inglês e francês são idiomas oficiais, mas não significa que todos falem ambas as línguas. Pelo que conversei com uma canadense de Quebec, na escola, eles aprendem o básico de inglês na província de Quebec e de francês na parte inglesa, o que não significa fluência.

No entanto, os restaurantes são obrigados a ter cardápio nas duas línguas, assim como as informações gerais, avisos importantes ou turísticos são vistos em ambos os idiomas. Na província de Quebec, os canadenses falam apenas francês entre eles e em Toronto, somente o inglês. Já em Ottawa, escutei diversas pessoas misturando inglês e francês na mesma frase.

Fora estas duas línguas, só tive contato com uma atendente que falava espanhol. Então, não viaje achando que será fácil como Miami.

O francês deles é bastante peculiar e, muitas vezes, difícil de entender. Mas consegui me virar bem. E sempre dá para mudar para o inglês quando não estiver entendendo nada!

Roteiro
No total, foram 12 noites, mas daria para ficar uns cinco dias ou uma semana a mais. Menos que isto acho corrido para o trajeto que fiz, lembrando que estava de carro. Coloco abaixo meu roteiro resumido.


Toronto — 4 noites
Cheguei na metade do dia de uma segunda-feira e saí quinta cedo para Montreal. Deu para conhecer os pontos principais da cidade, ir às ilhas de Toronto e fazer bate-volta para as cataratas do Niagra. Neste passeio, ainda parei em dois vinhedos e visitei Guelph.

De Toronto para Montreal são 550 quilômetros e se vai pela ON-401. Optei por passar em Prescott, só pela graça de ser o meu sobrenome e porque fica no meio do caminho. A cidade é minúscula, mas está na beira do rio, divisa com os Estados Unidos. Existe uma estradinha (a estrada número 2) que vai beirando este rio e a percorri por alguns quilômetros antes de voltar para a rodovia principal.
Ponte sobre o rio São Lourenço, que conecta os Grandes Lagos ao Oceano Atlântico e separa Canadá dos Estados Unidos
Montreal — 3 noites
Choveu todo o tempo que fiquei em Montreal, o que atrapalhou um pouco, mas deu para conhecer a cidade, principalmente por contar com o carro. De Montreal a Quebec são 260 quilômetros, cerca de duas horas e meia. Como chovia bem forte na estrada, a opção foi parar, assim demorou mais.
Museu de Belas Artes de Montreal
Quebec — 3 noites
A parte antiga dá para conhecer em um dia, um dia e meio. Os arredores são bem legais. Fui à Île d'Orleans e ao Parc de la Chute- Montmorency, onde ficam as cataratas Montmorency, mais altas que as de Niagra.

De Quebec a Ottawa são 445 km, umas cinco horas. Ficar na capital foi a opção para não ir direto de Quebec a Toronto, que daria 805 quilômetros.
Um dos portões na entrada da Quebec Antiga
Ottawa — 1 noite
Ficaria mais em Ottawa, porque pude conhecer apenas os principais pontos, sem entrar nos museus ou ficar muito tempo nos lugares. Cheguei na metade de um dia e parti no outro dia depois da visita ao Parlamento. De Ottawa a Toronto são mais 450 km.

Toronto — 1 noite
Esta parada foi basicamente para não voltar direto de Ottawa para o aeroporto, até porque o voo saía às 16 horas e seria muito arriscado.

Os 2.562 quilômetros rodados valeram muito a pena. Vou tomar coragem para encarar o frio de menos 20 e retornar no inverno (ou outono, porque ninguém merece congelar) para rever o Canadá, que, definitivamente, me surpreendeu positivamente!

Um comentário:

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