Tudo o que conhecer em Bremen, na Alemanha

Por Carolina Benini e Guilherme Pommer*

Depois de quase uma volta inteira pela Alemanha, escolhi Bremen como uma das minhas cidades favoritas. Na verdade toda a viagem foi programada a partir deste destino por causa do jogo de futebol do Werder Bremen X Bayern Munich, que aconteceria na cidade.

Rathaus: a prefeitura

Sempre gostei de futebol, mas assistir a esse jogo deu um toque especial a visita. Foi incrível visitar o centro histórico da cidade e ver os torcedores se respeitando e fazendo suas festas particulares. Na hora de caminhar até o estádio, as barraquinhas de cachorro quente e cerveja pelo caminho deram um toque típico e especial e ver um jogo de times europeus ao vivo foi uma experiência inesquecível e emocionante!

Além desta experiência, destaco também a caminhada pelas ruazinhas do centro, dos restaurantes típicos (Kleiner Ratskeller), onde apenas os moradores frequentam e onde comi o melhor schnitzel da viagem. A famosa estátua dos Saltimbancos ficou de coadjuvante diante de tanta novidade e experiências vividas nessa pequena cidade Alemã.

Indo mais a fundo, por Guilherme Pommer
Bremen é uma cidade-estado situada às margens do rio Weser no norte da Alemanha, e mesmo com mais de 540 mil habitantes (10ª mais populosa do país) consegue manter um ar de cidade pequena, de interior. Acredito que justamente por ter este ar de “interior” as experiências turísticas, culturais, e gastronômicas em Bremen tomam outra dimensão: esta foi a primeira cidade alemã que visitei, em setembro de 2000, e foi a grande responsável por quebrar aquela imagem que geralmente temos do povo alemão, de serem mais fechados, menos receptivos. Pois bem, bastaram apenas algumas horas para comprovar que se esta é uma regra válida (do que eu discordo) eu já havia encontrado a exceção.

Nunca vou me esquecer do dia em que estava buscando algum restaurante tipicamente alemão e resolvi testar todos os meus três meses de curso de alemão pedindo indicação a um casal mais velho que estava andando pela praça: a duras custas consegui me expressar e para meu espanto eles não apenas indicaram um restaurante, como levaram a mim e meu amigo até a porta do restaurante, buscaram o cardápio e apontaram aqueles que seriam seus pratos preferidos.

Restaurante Kleiner Ratskeller 

O restaurante se chama Kleiner Ratskeller e é uma portinha a mais em uma rua pequena atrás da praça principal da cidade, que provavelmente passaria despercebido. Ambiente tipicamente alemão, um restaurante para locais mesmo, e a comida simplesmente fantástica – e ainda coube no orçamento apertado da época de “mochileiro”.

No dia seguinte, enquanto caminhávamos pelo centro histórico da cidade, pasmem: o senhor que havia indicado o restaurante nos avistou, veio a nosso encontro e demonstrou muito interesse em saber se a indicação dele havia sido proveitosa, se a comida estava boa e se havíamos sido bem tratados... Não sei quais as suas experiências, mas mesmo no nosso Brasil, tão caloroso e receptivo, eu não havia passado por uma situação parecida. Desde então eu não consigo deixar de falar sobre Bremen para qualquer pessoa que comenta comigo que vai (ou foi) à Alemanha e muito menos deixar de contar esta história antes de falar sobre Bremen e seus encantos.

Os principais pontos turísticos da cidade estão no centro histórico: a prefeitura (Rathaus) com sua arquitetura gótica em tijolos, a estátua de Rolando (símbolo da justiça e liberdade), a praça do mercado (am Markt), a catedral, o parlamento, as lojas de arte e restaurantes da Böttcherstrasse, a estátua de bronze dos Músicos de Bremen (Saltimbancos), o parque Wallanlagen (antigo fosso/muro de proteção da cidade), as ruas estreitas recheadas de atelliers e cafés no bairro medieval Schnoor, e o Bürgerpark (uma espécie de “Ibirapuera” local).

Tudo isso se visita a pé, em curtas caminhadas que podem ser intercaladas com paradas estratégicas em cafés, sorveterias, ou naquela típica barraquinha vendendo “bratwurst”. Estas são apenas algumas dentre várias outras atrações ligadas principalmente à rica história, arquitetura, e cultura da região.

Em abril de 2012, tive a oportunidade de revisitar Bremen agora em companhia de minha namorada, quase 12 anos após a primeira e até então única visita, e mesmo consciente de toda essa experiência cultural única que a cidade proporciona, confesso que na fase de planejamento da viagem fiquei um pouco tenso em dedicar três dias para uma cidade desconhecida do grande público e também receoso em não conseguir reviver o mesmo tipo de experiência que tive quando da primeira visita.

Mas como desde 2000 eu também passei a ser torcedor do Werder Bremen e aquela seria uma oportunidade única para assistir ao vivo a um jogo da Bundesliga, a viagem de três semanas pela Alemanha foi praticamente montada em função de Bremen e da data do jogo frente ao Bayern Münich no remodelado Weser Stadium.

Mesmo para quem não é muito fã de futebol a visita ao Weser Stadium já vale a pena: é um marco na cidade, situado às margens do rio Weser é o único estádio de futebol onde a torcida pode chegar tanto a pé como por barcos, e além de remodelar o visual a recente reforma trouxe também soluções arquitetônicas e tecnológicas interessantes como o fechamento total do estádio (laterais e cobertura das arquibancadas) usando placas de geração de energia solar.

Como resultado, o clube todo (não apenas o estádio) é autossuficiente em energia elétrica e ainda vende o excedente para a rede elétrica da cidade – lembrem-se de que isto no norte da Alemanha, onde o Sol não é uma presença tão frequente como no Brasil.


A experiência de assistir à partida da Bundesliga foi realmente fantástica. Desde o dia anterior à partida já se notava a chegada de torcedores do Bayern à cidade e mesmo andando em pequenos grupos, sempre com as cores e uniformes do seu time e cantarolando versos de apoio ao time bávaro, não se via nada além de pessoas que apoiam times de futebol diferentes se divertindo e aproveitando o clima ensolarado para caminhar pela cidade e desfrutar uma cerveja com amigos – nada de disputas, rixas, brigas.

Este ambiente de respeito seguiu por todo tempo, incluindo os momentos de deslocamento do público até o estádio e de saída do mesmo, com todos caminhando juntos – aliás, na Alemanha também colocam várias barraquinhas de ambulantes no caminho do estádio e aqui a grande pedida são as cervejas e os vários tipos de “wurst” (salsichas).

Passada a aventura com futebol e Bundesliga, voltamos a atenção novamente à cidade e ao povo de Bremen. Como comentei no início deste relato, creio que muito mais do que uma cidade com pontos turísticos tradicionais o grande diferencial de Bremen está mesmo em poder tomar o que a cidade trás como história, arquitetura, e cultura e desfrutar de tudo isso envolto em um ambiente agradável, acolhedor e, por que não, simples.

Passar algumas horas apreciando uma boa cerveja no Biergarten localizado às margens do rio Weser em boa companhia, não tem preço. Poder passear pela praça do mercado no domingo pela manhã (uma ótima feira-livre), vendo e comprando os produtos que os fazendeiros locais trazem para comercialização não tem preço.

Enfim, Bremen é uma cidade onde as atrações turísticas estão muito próximas e podem ser admiradas com muita facilidade e até velocidade, mas que para ser desfrutada por completo definitivamente merece que mesmo aqueles mais ávidos pelo turismo básico e rápido (do tipo passar, tirar uma foto e seguir viagem) dediquem um pouco mais de tempo para realmente vivenciar este ar de calmaria e aconchego que está enraizado por lá.

Resumo das dicas:
Passeios/atrações: centro histórico, Rathaus, am Markt Platz, estátua dos Músicos de Bremen (Stadtmusikanten), estátua de Rolando, Dom, Parlamento, Böttcherstrasse, Schnoor, Wallanlagen, Bürgerpark, Weser Stadion, cervejaria Beck’s.

Restaurantes: Bremen Ratskeller (no porão da Rathaus, ambiente e comida refinados, obrigatório reservar), Kleiner Ratskeller (é o “pequeno” Ratskeller, comida e ambiente típicos). Além destes dois, também existem as cervejarias no Biergarten (margens do Weser) e muitos cafés e restaurantes na praça central e no bairro Schnoor.

* Minha prima Carolina (ou Lolô para família) foi super companheira de apartamento nos quatro anos durante a faculdade de jornalismo em Campinas.

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