Fuja do passeio de escuna de Angra dos Reis à Ilha Grande

Uma escuna lotada, com cerca de cem a 130 pessoas. Som alto tocando músicas que você (eu, pelo menos) não gosta. Aquele tiozinho que fica no microfone para animar a galera. Precisa de mais alguma descrição para comprovar que não é uma boa pedida embarcar neste passeio?

Normalmente avessa a este tipo de programa, em Angra dos Reis, encarei a escuna, mesmo porque os preços dos alugueis de lancha ou barcos são bem salgados, principalmente, quando se está em duas pessoas. Fechei com a empresa Angra Way, que contava com receptivo no hotel e oferecia um passeio de cerca de seis horas com quatro paradas: na ilha de Cataguases e em três praias na Ilha Grande — Lagoa Azul, Freguesia de Santana e Japariz. O visual, pensei, poderia compensar as partes chatas.

Ledo engano. Marcada para sair às 12 horas, a escuna ficou no cais aguardando retardatários por mais quase uma hora. Eu, que imaginava que a lotação estava próxima do máximo, só via embarcar mais gente. A sorte foi que o grupo não era igual ao da escuna na frente, onde jovens com pandeiros animavam o grupo. Quando finalmente saímos rumo à ilha de Cataguases, muita gente na escuna já estava bastante enjoada devido ao balanço e brava por ter perdido muito tempo ali.

Ao chegar à ilha de Cataguases, duas inconvenientes situações: a primeira foi que ficamos —mais uma vez—mais de uma hora esperando a vez na fila para aproximar a embarcação da costa para os turistas desembarcarem com água perto da altura da cintura. Pelo o que eu entendi, todas as escunas percorrem o mesmo roteiro, congestionando as ilhas.

Longa espera na ilha de Cataguases para atracar. Na ilha, muita gente lutava por um espacinho para banhar-se, tomar sol ou abrigar-se na sombra 

O segundo inconveniente e ainda mais grave: o capitão informou que todos deveriam descer levando consigo todos seus pertences, porque a escuna voltaria ao cais para pegar mais um grupo de turistas que havia se atrasado. Imediatamente a revolta tomou conta das pessoas. Eu tomei a dianteira para argumentar com o capitão que aquele não fora o combinado e, portanto, não estava em conformidade com o que pagamos.

Assim, ou a escuna permanecia para que pudéssemos deixar nossas bolsas e máquinas a bordo ou eu voltaria à Angra e queria meu dinheiro de volta (o passeio com almoço custou R$ 65 — sem almoço era R$ 40 e com almoço e traslado hotel—cais, R$ 85). Para alegria de todos, os retardatários foram levados ao nosso encontro em outra embarcação. E, para a tristeza, mais umas 30 pessoas foram colocadas na já lotada escuna.

A ilha de Cataguases é bonita, mas estava muito lotada. Não apenas as escunas param ali, como os barcos privados levam os turistas ao mesmo local. Tanto que havia turmas superpreparadas para passar o dia, com barraca, isopor e mantimentos. Apesar do pessoal da escuna Angra Way dizer que não há nada na ilha e recomendarem comprar bebidas e salgadinhos a bordo, eu vi pelo menos duas barracas de praia que vendiam bebidas e porções. Realmente, eu não consigo entender o motivo da mentira, principalmente, porque ela foi desmascarada em poucos minutos — o tempo de o turista chegar à areia.

Melhor (ou única) parte boa: nadar neste mar lindo rodeada de peixinhos 

Dando seguimento ao passeio, nos dirigimos a Ilha Grande onde a escuna atracou por cerca de 45 minutos na Lagoa Azul. Os turistas puderam descer para nadar com os peixinhos — foi oferecido “macarrão” de graça para quem quisesse. Entre os opcionais, havia fotos debaixo d’água e snorkel e máscara. O lugar é lindo e a água, bem gelada.

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O bom e ruim de Angra dos Reis

De acordo com o roteiro original, a próxima parada seria na praia Freguesia de Santana, mas, devido ao horário avançado (perto das quatro e meia da tarde) e à fome do pessoal, o capitão teve o bom-senso de inverter e seguimos para Japariz, onde é realizado o almoço. Nesta praia, há cinco restaurantes, basicamente eles se dividem para atender às escunas.

Para almoçar existem duas opções: à la carte (um funcionário do restaurante vai junto na escuna e tira os pedidos antes para a cozinha deixar tudo preparado para quando os turistas chegarem) ou buffet que se paga para a agência de viagens ao fechar o passeio. Eu optei por passeio+almoço e comi no buffet. Não estava ruim.

Fila enorme para retornar à escuna depois do almoço

O pessoal da escuna até seguiu o roteiro e rumou à Freguesia de Santana para a quarta e última parada, mas ao chegar lá ninguém quis descer para nadar. Compreensível: já eram umas seis da tarde, ameaçando chover e pós-almoço. O jeito, então, foi zarpar em direção à Angra dos Reis. Para a felicidade de muitos, inclusive eu!

Para fechar, minha recomendação é fugir da empresa Angra Way. Os funcionários do receptivo não sabem informar nada direito e são extremamente mal-preparados para lidar com o público. Além disto, a escuna demorou muito para sair não respeitando as pessoas a bordo, quiseram mudar a programação no meio do passeio e quiseram dar uma de malandros, fazendo as coisas para enganar o turista, como agindo de má-fé ao atracar na ilha de Cataguases dizendo que era necessário comprar bebidas e salgadinhos a bordo já que na ilha não havia nada, o que se comprovou ser mentira.

O contraponto: provavelmente, este passeio nem seja tão ruim em um fim de semana normal ou no meio da semana em baixa temporada. Com certeza, com menos gente a bordo ficaria mais agradável.

Achei muito legal ver de bem perto uma plataforma de petróleo

Informações úteis — Hotel
Quando: Novembro 2013
Hotel: Golden Tulip Porto Bali — Estrada das Marinas, 111 | Praia do Jardim
Por onde reservei: direto no site, por meio de uma promoção de cartão de crédito
Impressões sobre o hotel: o quarto que reservei foi o pequeno—econômico e foi uma grata surpresa não encontrar um cômodo minúsculo. As diferenças dele para os demais são que não possui varanda, minicozinha e antessala. Já o hotel se diz um 4 estrelas, quando, na verdade, é um bom 3 estrelas. Entre os prós estão o gostoso café da manhã, a localização perto do shopping Piratas — se pode ir caminhando, demora nem dez minutos —, a piscina e a isca de peixe. Já nos contras entram o péssimo atendimento dos funcionários (ninguém sabe informar nada e parece que odeiam ajudar os hóspedes), é de frente para o mar, mas não tem praia, sendo que a água não é própria para banho e nem para esportes aquáticos.

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