sábado, 13 de dezembro de 2014

Cuba em duas paradas: Havana e Varadero

Por Aline Rodrigues (texto e fotos)

Uma passagem rápida por um dos últimos países com regime socialista do mundo me trouxe grandes reflexões e impressões que gostaria de dividir com algumas pessoas. Para isso, vou usar o simpático blog Mosaico da amiga Roberta Prescott.
El Malecón
Minha primeira parada foi, obviamente, Havana. A capital é cheia de histórias, cheia de vida e com marcas dos conflitos políticos por toda parte. O Malecón, um dos principais pontos turísticos da cidade, foi construído entre 1901 e 1952 com o intuito de proteger Havana das águas do mar. Virou um belo cartão postal!

Além de ser um lugar-referência, o Malecón tem vários pontos bem importantes, tanto para os períodos históricos, quanto pontos turísticos. O Hotel Nacional, construído em 1930, é um deles. Imponente, ele fica em uma localização estratégica, pois foi de onde os guerrilheiros apontaram seus mísseis para os EUA em 1962, o que culminou em um dos momentos mais tensos da Guerra Fria.

Aqui vale um apanhado histórico: a Crise Caribenha, como ficou conhecida pelos russos, foi uma resposta da União Soviética aos Estados Unidos. Isto porque os EUA instalaram mísseis na Turquia, Grã Bretanha e Itália e ameaçou invadir Cuba. Os soviéticos responderam então com suas bases no jardim do Hotel Nacional, mirando seus mísseis para Miami, que fica somente a menos de 200 km de distância.

Na minha passagem, entramos em um pequeno museu que tem acesso a uma pequena parte das trincheiras do local. A história ali parece ter vida!
Uma das trincheiras do Hotel Nacional
Hotel Nacional de Cuba
Seguindo adiante no Malecón, chegamos à parte antiga, chamada de Habana Vieja. Por lá, os pontos turísticos estão a cada esquina. Difícil até de enumerar quantos e qual é mais importante. Capitólio, Catedral, Museu Nacional de Belas Artes, Museu da Revolução, Floridita, La Bodeguita del Medio, a Real Fábrica de Tabacos, o Hotel Inglaterra, livrarias, muitas livrarias, e muitos outros. Por ali vale caminhar pelas ruazinhas simpáticas e descobrir o que é mais interessante e onde prefere perder uns minutos a mais.
Capitólio
Catedral
Museu Nacional de Belas Artes
Onde comer
O restaurante-bar Floridita é muito simpático, tem música ao vivo e está superconservado. Estando ali peça pelo famoso Daiquiri: este eu aprovo! Na Bodeguita del Medio, a bola da vez é a Piña Colada, mas o lugar é tão pequeno e tão lotado que não tive a paciência de esperar por um drink.
Para almoçar, eu recomendo o Los Nardos.

Em frente ao Capitólio, o restaurante de origem espanhola é simplesmente maravilhoso! A dica é tentar ir num dia de semana, pois aos fins de semana a espera pode durar até uma hora e meia.
Esta é a Aline!

Do outro lado do Malecón fica a Fortaleza de San Carlos de la Cabaña, um lugar bastante interessante e histórico para a revolução, além de ponto turístico para os visitantes que querem conhecer um pouco mais sobre Havana.

Por lá acontece todas as noites, pontualmente às 21 h, o Canhonaço. Uma tradição que se mantém desde o século 16, quando as fortalezas disparavam tiros de canhão para anunciar que teriam suas portas fechadas e só reabririam na manhã seguinte. Além de poder assistir ao tiro de canhão, há uma cerimônia na qual os soldados devidamente vestidos fazem uma marcha. O local tem uma vista incrível do Malecón e da cidade que fazem valer ainda mais a visita!
Fortaleza San Carlos de la Cabaña
A Fortaleza à noite, no Canhonaço
A cidade à noite: linda vista
Não tem como visitar Havana e não ir até a Praça da Revolução, onde fica o Memorial José Martí e as famosas imagens de Che Guevara e Camilo Cienfuegos. É por ali também que aconteceram as maiores manifestações de Cuba. 

Para ir até o local, recomendo o ônibus turístico que passa pelos principais pontos da Cidade e você pode descer em quantos quiser. É uma maneira bem barata de fazer um tour por Havana. 
Memorial José Martí
Che Guevara
Táxi em Havana daria um capítulo à parte. Existem milhares, em diferentes carros que vão desde os tradicionais amarelinhos até carros antigos, conversíveis e muito chiques, até os famosos coco-táxis (que são motos transformadas em um tipo triciclo em formato de coco. Melhor tentar visualizar na foto! risos) e bicicletas, com carroças. Seriam ótimas opções, mas eles cobram o que querem e costumam ser bem sacanas com os turistas.
Coco-táxi: um meio alternativo de transporte
Escreveria laudas e mais laudas para contar detalhes do que vi por lá. Mas vou fechar o capítulo Havana falando um pouco sobre as pessoas. Refleti muito, muito mesmo nesse período se a vida que eles levam realmente justifica o ‘Sistema’. Não sou a pessoa mais politizada do mundo — portanto deixo claro que isto é uma visão bem superficial do que vi por ali —, mas vi muita pobreza, casas em ruínas e cubanos beirando a miséria.

Especialmente em Havana Vieja, o centro velho da cidade, me fez sentir pena da maneira como eles tentam ganhar a vida e se aproveitar dos turistas. Em muitos casos com uma abordagem bastante inconveniente, mas em outros apenas pedindo por um jabón, que para eles é um item de luxo. 

O paraíso de Varadero

De Havana seguimos para Varadero, um verdadeiro paraíso. A menos de duas horas da capital, a cidade é tomada por complexos turísticos chiques que tomam conta das praias. São 50 complexos ao todo e ainda é possível ver muitas novas construções por lá. As praias — com um mar verde água quase transparente — são lindas, mas só se tem acesso a elas pelos hotéis. Ficamos em um destes, com pensão “tudo incluso” com restaurantes finos e bares por todas as partes. 

Em todo momento, é possível comer um sanduíche, tomar um drink, uma cerveja — eles têm duas cervejas de fabricação nacional, a Cristal, mais clara e pilsen, e a Bucanero, mais forte e encorpada. E pelo menos por lá fiquei com uma sensação de que a vida dos cubanos é mais digna, justamente porque é sustentada por esses imensos hotéis e pela visita de milhares e milhares de turistas. 

Tentamos fazer um pouco de turismo por Varadero, mas o que vimos foram diferentes fachadas de hotéis, todos 4 ou 5 estrelas. O negócio por lá é mesmo aproveitar a estrutura do hotel, que tem piscinas, quadras, campos de golfe, salões de jogos. Há inclusive casas de shows e restaurantes finos para jantares à luz de velas. Isso sem falar na praia, que apesar da água fria — pelo menos para nós brasileiros — é maravilhosa e vale o mergulho!  

Lindíssimo pôr do sol em Varadero

Aline Rodrigues também é jornalista. Trabalhamos juntas em 2003 e desde então nossos caminhos profissionais têm se cruzado! 

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