sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Lisboa com calma — e na companhia da avó de 89 anos

Por Thais Aline Cerioni (texto e fotos)

Portugal nunca esteve no meu top 10 de destinos mais desejados — minha ideia para visitar a terrinha era aproveitando uma possível viagem para conhecer a Espanha. Porém, com o aniversário da vovó se aproximando, surpreendentemente, minha família decidiu atender aos pedidos da velhinha e levá-la para comemorar a data na capital portuguesa. Lá fomos nós, então, entre o final de abril e início de maio de 2014, em uma viagem fora dos padrões aos quais estou acostumada e numa turma bastante eclética.

Éramos seis em Portugal. Eu, minha irmã mais nova, meu primo de 20 e poucos, minhas duas tias e minha avó materna, prestes a completar 89 anos. O plano seria uma semana em Lisboa e, depois, eu voltaria ao Brasil e elas seguiriam para Porto, parando em algumas outras cidades no caminho. Conto minha experiência em Lisboa. Seis dias são mais do que suficientes para conhecer a cidade toda com calma — mas, infelizmente, com poucos passeios para aproveitar a vida noturna lisboeta.

Minha primeira dica é a época. Abril/maio é um período excelente para conhecer Lisboa. Dias longos (escurece por volta das 20h30, 21 h), quentes (porém, um calor bem suportável) durante o dia e com friozinho a noite, céu extremamente limpo, nada de chuva. Para mim, clima ideal para viajar (e para viver!). Outra dica é o voo direto da TAP: é rápido e quase indolor (para alguém que tem medo de avião, como eu, o voo é fator primordial numa viagem). Saímos de São Paulo no domingo à noite e em menos de nove horas estávamos em Portugal.
Parque Eduardo VII
Vista de Lisboa a partir do Castelo de São Jorge
O céu limpo nos proporcionou uma linda vista já do avião. Na aproximação do aeroporto (que fica praticamente dentro da cidade), é possível ter uma primeira visão de Lisboa, principalmente, da Praça Marques de Pombal e do Parque Eduardo VII. Uma imagem que me impressionou positivamente do céu e da terra. O parque é muito agradável e foi nosso primeiro passeio, logo no dia que chegamos à cidade, enquanto buscávamos um lugar para comer.

Como disse, procuramos fazer tudo com muita calma para não estressar a vovó. Então, o primeiro dia foi apenas para nos ambientar, comer o primeiro bacalhau e tomar a primeira taça de vinho — muito saborosos no restaurante do sexto andar do El Corte Inglés — que fica logo ali, no outro lado do Parque Eduardo VII. Alias, esta loja de departamento de rede espanhola é uma boa dica para compras (não muito baratas), supermercado e restaurante no mesmo lugar.
Monastério dos Jerônimos
Torre de Belém
A decisão da turma para os dois primeiros dias de passeio foi por algo que eu nunca tinha feito, mas que pode ser uma boa opção para quem tem pouco (ou muito) tempo em algum lugar: pegamos um Tour Bus, cujo ponto era bem em frente ao hotel das minhas tias, na praça Marques de Pombal. Por 20 euros, você pode usar o ônibus turístico quantas vezes quiser (naquele esquema Hop and Drop) em dois dias consecutivos. 

Três empresas oferecem o serviço e a principal diferença é que em algumas os ônibus contam com rede de Internet sem-fio e em outras, não (a nossa não tinha… damn it!). Os ônibus percorrem os principais pontos turísticos de Lisboa com o apoio do áudio-guia e acabam sendo uma boa opção para quem não gosta ou não está acostumado a usar metrô e/ou outros transportes públicos. 

Se estivesse apenas com a minha irmã, provavelmente, não teria pego o ônibus, mas não achei de todo mal, especialmente, para visitar a Torre de Belém, o Monastério dos Jerônimos (e comer o Pastel de Belém, que fica ali do lado), que ficam numa região um pouco mais distante da cidade e, no ônibus aberto, dá para apreciar a paisagem e o Tejo no caminho.
Vista ao descer do bonde Graça 28 sentido castelo
Praça do Comércio, rua Augusta 
A Torre e o Monastério, aliás, são pontos obrigatórios para quem está em Lisboa. Não tem nada demais, mas tem que ir. Então, reserve umas duas horinhas e faça o passeio! Nós não entramos no Monastério, mas entrei na Igreja que fica junto a ele e achei muito bonita. Vale a visita.

O ponto alto de Portugal, porém, são os mirantes (tuduntchi!). Falando sério, as partes altas da cidade foram as que mais me encantaram. O Castelo de São Jorge é um passeio imperdível. Um genuíno castelo medieval, dentro da cidade, acessível via bonde ou micro-ônibus (ou táxi, ou tuctuc). Vá no fim do dia e aproveite para ver o pôr do sol de lá de cima. Vale muuuito a pena! No caminho até o castelo estão outros pontos interessantes de Lisboa, como a Igreja da Sé (com sua arquitetura romântica-gótica parecida com Notre Dame de Paris) e alguns mirantes. 

Se decidir ir ao Castelo de bonde (o Graça 28, mais famoso da cidade, chega bem perto, ainda que demande uma caminhadinha no final), pegue-o na região da Praça do Comércio, outro ponto muito agradável da capital portuguesa. A rua Augusta (com seu comércio intenso) e as demais ruazinhas da região são boas para sentir o clima bem português e os restaurantes da Praça do Comércio, apesar de caros, são agradáveis para um almoço com cerveja e vista para o Tejo. Por ali, não deixe de caminhar até a Praça do Rossio e até o Elevador Santa Justa — outro dos meus pontos preferidos em Lisboa!
Praça do Comércio vista do Castelo São Jorge
Por causa da fila, não usei o elevador para subir. Mas caminhada a pé não mata ninguém. A vista de lá de cima, no entanto, é realmente de tirar o fôlego! Certamente vale passar alguns minutos observando a paisagem lá embaixo e o Castelo de São Jorge, do outro lado do vale. Já no Bairro Alto, não deixe de fazer uma caminhada pelas ruas íngremes de paralelepípedo repletas de lojas e de restaurantes. 

É ali perto que fica um dos que me proporcionou o melhor jantar da viagem: o Restaurante Sacramento é um restaurante moderno, cheio de gente bonita, comida excelente e preços bem justos. E tem a vantagem de, ao contrário da maior parte dos restaurantes de Lisboa, continuar servindo jantar depois das 22h. Aliás, cuidado com isto: a maioria dos restaurantes fecha cedo por lá.

>>> Leia também: Fim de semana em Lisboa

E, por falar em restaurante, outro que me foi recomendado e que pareceu ser muito bom mesmo é o Garrafaria Alfaia, na região mais boêmia de Lisboa, o Bairro Alto. Fui na hora do almoço (porque, como disse, o grupo com quem estava viajando não era muito da noite, infelizmente), e acabei apenas petiscando uma linguiça e tomando duas taças de um vinho rosé delicioso, mas, se voltar a Lisboa, certamente voltarei a este wine bar ou a sua versão mais "restaurante" mesmo, que fica logo do outro lado da rua. Uma carta de vinhos enorme, excelente atendimento e uma infinidade de petiscos são a combinação perfeita para mim.

Estando em Lisboa, vale também visitar algumas cidades próximas. Eu fui a Cascais e a Sintra, ambas bem agradáveis e a pouco mais de meia hora de trem da capital portuguesa. Se puder visitar apenas uma, vá a Sintra: cidade de serra que lembra a região da Mantiqueira no sudeste do Brasil (inclusive com Araucárias importadas daqui!), cheia de palácios e castelos e uma paisagem de conto de fadas. Cascais é bonita, mas é apenas uma cidade de praia charmosa. 
Restaurantes:
Garrafeira Alfaia 
Rua Diário de Notícias 125, 1200-143 Lisboa, Portugal | +351 21 343 3079

Restaurante Sacramento
Calçada Sacramento 40 a 46, 1200-394 Lisboa, Portugal | +351 21 342 0572

Conectado sempre
Tanto as estações de metrô quanto a maioria dos restaurantes oferecem conexão sem fio à internet gratuitamente aos turistas. 

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